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Sobre a consulta psiquiátrica

É comum os pacientes me relatarem na primeira consulta que já gostariam de ter visto um psiquiatra há muito mais tempo, mas tinham receio. Os medos são variados, e vão desde: “não sabia o que devia falar na consulta”, “tenho vergonha de falar a respeito de algumas coisas”, a “tenho medo de ter que tomar remédio”, “medo de ficar dependente da medicação”, “de ter um diagnóstico muito grave”, etc.

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E muitas vezes, embora a maioria tenha vergonha de admitir, existe o medo de se consultar com um profissional que não vai entendê-lo ou que vai julgá-lo, deixa-lo constrangido ou não vai indicar um tratamento adequado.

Todos esses receios são válidos, e por isso acho importante esclarecer alguns pontos:

  1. A consulta psiquiátrica é uma consulta médica, como qualquer outra consulta, de outras especialidades. Claro que tem uma particularidade de que muitas vezes o paciente acaba falando de coisas mais pessoais do que em outras consultas, mas ele não é obrigado a fazer isso se não se sentir a vontade. E se ele não souber o que falar, o psiquiatra vai fazendo as perguntas a respeito do que ele está sentindo, e ele responde como quiser, da forma que se sentir a vontade.
  2. A medicação pode ser um grande auxílio. Muitos pacientes tem medo de “ter que” tomar a medicação. Em alguns transtornos psiquiátricos de fato a medicação vai ser necessária, mas isso não é uma regra absoluta. Em alguns casos existem outras alternativas a serem tentadas antes, principalmente se o quadro for mais leve. Mas o problema é que a tendência é que quanto maior a demora em procurar ajuda, maior a gravidade quando chega na consulta, então é importante ficar atento a isso.
  3. A maioria das medicações não causa dependência. Apenas algumas classes de medicações tem potencial de abuso ou dependência, mas são a minoria. As medicações que tem risco de abuso ou dependência são as de tarja preta. A maioria das medicações que usamos tem a tarja vermelha, e não tem potencial de abuso ou dependência. Mesmo no caso das medicações que possuem esse risco, existem maneiras de o minimizarmos, portanto é sempre importante seguir as orientações do médico quando for usar.
  4. O diagnóstico não deve ser levado como um “rótulo”. O diagnóstico é um instrumento que utilizamos para “falarmos a mesma língua”, ou seja, ele nos ajuda no entendimento dos casos, ajuda a padronizar condutas, estimar prevalência na população, evolução, etc. Mas muitas vezes notamos que o paciente encara aquele diagnóstico como uma sentença, e ele não deve ser levado dessa forma. Diagnóstico não diz gravidade, não diz prognóstico, nada disso, e cada caso é um caso. Não se deixe impressionar por isso, e sempre que tiver dúvidas, converse com seu médico. Não tenha vergonha de fazer todas as perguntas necessárias para você entender o que você está passando.
  5. A base do tratamento psiquiátrico é a confiança e o vínculo. Quando uma pessoa decide procurar um atendimento psiquiátrico, é frequente que ela esteja atravessando o pior momento de sua vida, e portanto está muito fragilizada. Por isso é compreensível que ela se sinta insegura e com medo do que vai encontrar. É fundamental que ela seja tratada com respeito e empatia, para que ele se sinta compreendida e tenha confiança no tratamento.
Imagem Doutora Maria Antonia

Dra. Maria Antonia Simões Rego

Psiquiatra | CRM 135063
RQE 46406

Olá, eu sou a Maria Antônia, médica formada em 2008 pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – USP.

Logo em 2009, iniciei a minha Residência Médica em Psiquiatria pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital da FMUSP, na qual permaneci até 2012.

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